Estive pessoalmente em uma e vi as cenas na TV da outra.
Falo de 2 favelas que incomodam alguns poderosos aqui em São Paulo, existem outras.
Mas vou focar esse texto nessas duas.
A primeira é a Favela do Moinho, fica ao lado da linha de trem, entre as estações Luz e Barra Funda, pela Av Rio Branco você passa em cima dela.
Favela do Moinho é seu nome e conheci quando uma mina que eu havia acabado de conhecer resolveu promover um evento no "moinho" abandonado que tem "dentro" da favela, por isso o nome dela.
Alguns grandes nomes do RAP estiveram lá como Sandrão RZO, Emicida, Kamau, Consciência Humana entre outros, além de militantes como eu (Buzo), Sérgio Vaz, João Wainer e outros.
O evento "A VIDA É UM MOINHO" foi num domingo, no ultimo andar da prédio abandonado, a céu aberto porque não tem teto.
Impressiona o tanto de barracos de madeira que tem ali, quase tudo é assim, poucas casas são de alvenaria.
Mas o que chama a atenção mais ainda é que nos andares do moinho, antes de chegarmos ao telhado sem telhado, moram famílias em situação tão precária quanto morar num barraco de madeira, tudo ali é improvisado.
O pior de tudo é que alguém (a dias) mandou cortar a agua que ia pra favela e eles estavam (se bobear ainda estão) sem agua.
É o cumulo da desigualdade social, no centro de São Paulo, ter centenas de famílias que além de não ter direito a uma casa digna, não tem direito nem a ter agua.
O terreno que a favela ocupa é grande e pela localização, a 5 minutos do centro, é muito valorizado por pessoas poderosas, que poderiam ali fazer um complexo de prédios espelhados ou qualquer outra merda do tipo.
FAVELA REAL PARQUE
Duas cenas distintas, primeiro a imprensa notícia a queima de 350 barracos da Favela do Real Parque na Zona Sul de São Paulo, centenas de famílias desabrigadas.
E 24 horas depois (ou 48), o confronto de moradores (que interditaram a Marginal às 18h), com a Polícia.
Imagina você com criança, vendo a PM invadir com bombas de gás, efeito moral, truculência de quem precisa liberar uma Marginal parada em horário de pico.
- Pau no gato. Diria o comédia do Datena, talvez não no ar, mas nos bastidores.
A imprensa mostrou país indo buscar os filhos na escola, cheiro de gás invadiu tudo, pessoas chorando e passando mal.
Imagina você que já perdeu tudo, ficou só com a roupa do corpo, te oferecem um auxilio aluguel que não da pra nada (R$ 400,00), aliás, dizem que o protesto que gerou o confronto, foi justamente porque algumas famílias não foram incluidos no auxilio merreca.
Quem sofre, quem paga....o cidadão comum que mora na favela porque a sociedade hipocrita, racista e desigual, não da condições de viverem em lugar melhor. Ou alguém mora em barraco de madeira porque quer, porque acha bonito, legal.
Mas o porque a Favela Real Parque é tão visada, não vou nem falar das causas do incêndio, porque em São Paulo pega fogo em uma favela por semana, não quero nem acreditar que a Copa de 2014 seja motivo para incêndios criminosos, mas.....
A Real Parque fica no coração do poder, proximo ao Mega Shopping Cidade Jardim de altíssimo padrão, perto das torres espelhadas de multi nacionais.
Um apartamento na região, segundo uma matéria da FOLHA sobre um empreendimento de nível AAA, pode custar de 2 à 20 milhões, ouviram.....MILHÕES.
Gente que paga R$ 7.500,00 de condomínio e tem a Favela do REAL PARQUE como visinhos.
Assim como Paraísopolis é ao lado de prédios com apartamentos de 1 milhão.
Logo não é difícil imaginar o porque de favelas como a Moinho ou Real Parque incomodam tanto.
Existe solução...... sem ter que matar os favelados como disse o poeta Sérgio Vaz no twitter.
Pra mim seria justo e resolveria, se os milionários, que iriam comprar um apartamente de alto padrão onde hoje é a Real Parque por exemplo, ou as lojas de mais um shopping que pobre não entra.
Se antes de construir, eles comprassem um grande terreno em outro lugar, cadastrasse quem seria removido e desse uma casa ou apartamento digno para cada família.
O preço da obra, inclui no valor que os milionários vão pagar, cada apartamento financia uma casa digna para quem mora a 30 anos no Real Parque.
Mas o que eles não querem é dar nada pra ninguém, já viu milionário que se preocupa com pobre.
Ai mandam a polícia, mandam até quem sabe tocar fogo numa favela por semana, repressão.
Não resolve nada, cria mais violência e revolta.
Imagina se a metropole mais rica do país, fosse um pouco menos desigual, se quem tem ajudasse um pouco o proximo, teria jeito.
Mas em vez de fazerem isso, eles se trancam em condominios de luxo, como o PARQUE CIDADE JARDIM, pela bagatela de 20 milhões de reais.
- O playboy tem carro, tem poder, tem dinheiro, mas não tem...sossego. Diria o amigo Rappin Hood.
A gente protesta, arrecada alimentos, roupas, como no evento do moinho, segunda edição dia 12 de Outubro, mas é pouco.
Alguém que pode, precisa ajudar essa gente.
Como dormir com a consciência tranquila, num apartamento que tem condôminio mais alto que o salário da sua emprega, motorista e segurança juntos.
Alessandro Buzo é escritor
www.buzo.com.br
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
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