segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Você conhece o Rap Nacional ??? Prazer......

Por: Alessandro Buzo

Olha lá atrás....quem você vê na São Bento ?
Quem passava e via aqueles jovens não imaginava o momento histórico que isso representava, nascia ali o Hip Hop e posteriormente o RAP NACIONAL.
Na São Bento tinha 2 dupla que virou um grupo, juntados ao acaso. Dois mano da Zona Norte hoje conhecidos por Edy Rock e Kl Jay e dois outros da Sul, um era Pedro Paulo e virou Mano Brown, seu parceiro das ruas do Capão e depois pra vida, Ice Blue.
Juntos formaram o grupo Racionais Mc's, que vendeu 1 milhão sem ir na mídia.
Ali na São Bento tinha Nelson Triunfo, tinha o Thaíde que depois conheceu o DJ Hum.
Tinha Rappin Hood e tantos outros.
Eles só queriam dançar, depois venho a rima, virou cultura, movimento. Foram se informando sem a MAMATA do Google, só nas revistas que surgiam, discos de vínil.
Descobriram que o Break era um dos 4 elementos do Hip Hop e este foi criado nos EUA por Africa Bambaataa.
Vi umas fotos da São Bento com meu amigo Da Antiga do Profissão MC e acreditem .... ele era magro.
Vem mais, vem mais..
O tempo passou e o RAP virou o hino das periferias, de brasília chegava em alto e bom som o GOG, vinha de toda parte.
Ai só pra lembrar alguns nomes vieram Consciência Humana, Alvos da Lei, Sistema Negro, Doctor Mcs, De Menos Crime, Realidade Cruel, Faccão Central, Tribunal Mc's, RZO.
São tantos nomes importantes que mesmo eu citando outros, vou esquecer alguns, mas põe ai nessa lista SNJ, Função RHK, DMN, Filosofia de Rua, RPW, do Rio ecoava MV Bill.
O Sistema tremeu quando viu que não eram poucos e que eram tudo bem loko.
Plano do Sistema foi marginalizar e não divulgar.
Querer divulgar eles até quiseram, mas queriam o Racionais Mc's e esses disseram "NÃO". Outros eles não queriam e ficou assim: - Eu não te ligo, VC não me telefona.
Música de Bandido, era assim que as más linguas diziam, as mãe e os pai proibiam seus filhos de ouvir 509-E, Visão de Rua, Sabotage.
Assim acabaremos com eles, pensou o sistema.
MAS A FÚRIA NEGRA RESURGIU DAS CINZAS QUANTAS VEZES FORAM PRECISO e ta firmão obrigado.
Transição, outros nomes surgiram e fortaleceram, AO CUBO, Fino Z/S, Slow da BF, Dudu de Morro Agudo, Criolo Doido que depois virou só CRIOLO e ganhou a mídia pelo talento, mas isso é história pra daqui a pouco.
Surgiu Inquérito e suas letra cabulosa: - Pra quem vive da merreca do burguês, pior que o fim do mundo é só o fim do mês.
Eu desde 2000 deixei de ser só admirador das letras e passei a fazer parte.
Meu envolvimento se deu a partir do meu primeiro livro: O TREM - BASEADO EM FATOS REAIS que tinha a letra da música O TREM do RZO nas suas páginas, graças a isso acabei conhecendo os mano, o Sandrão foi no meu primeiro lançamento de livro, no Jardim das Oliveiras, Itaim Paulista, dia 24 de dezembro de 2000.
Através desse contato acabei em Pirituba, na lendária LAJE DA CASA DO HELIÃO que foi pra mim uma "ESCOLA DE RAP", ali conheci DBS, o proprio Helião, Dina Di, Negra Li (que hoje tem carreira solo de destaque, fez cinema, TV), Negro Útil (in memoriam) e tantos outros.
Mais adiante passei a andar e ir nos shows juntos do grupo Tribunal Mcs que era da mesma quebrada que eu, Itaim Paulista.
A partir de 2004 quando passei a realizar o Favela Toma Conta, me envolvi de vez, promover evento de RAP de graça nas ruas do Itaim Pta é no mínimo falta de juízo, mas tamos ai até hoje com 24 edições realizadas, pelo palco do Favela passou grandes nomes do RAP Nacional.
O Rap não para, surgiu um milhão de grupos e cada um que só vendo o barulho que fez, Trilha Sonora do Gueto: - Só vida loka é né jão....
Lindomar 3L, A FAMÍLIA, Viela 17, Spainy & Trutty, Relatos da Invasão, Rosana Bronk's, Periafricania, Z'Africa Brasil (Antigamente Quilombos, hoje periferia).
Na minha casa, eu lutando pra sobreviver, casei em 1998, fui pai em 2000 e a luta sempre foi grande, 2000 lancei meu primeiro livro, 2001, 2002 e 2003 eu quase passei fome, a coisa apertou que só Deus pra me livrar do crime, porque nas drogas (usuário) eu já tinha caído.
Mas isso foi antes, o casamento e o Hip Hop me resgatou.
Hoje eu tô na TV (GLOBO), 9 livros, fiz filme. Parece até que foi fácil.
- Agora ta de olho no meu dinheiro, no carro que eu dirijo, onde VCS estavam nos tempos do (ENCOSTA NORTE, JD CAMARGO VELHO)..... o que VCS me deram, o que fizeram por mim ????? Gancho numa letra dos racionais mas citando minha quebrada.
Em 2002 teve dia de eu e a Marilda tirar da nossa boca pro Evandro comer, agora ta de olho se eu vô na churrascaria, na Cantina, quando eu posso eu vou mesmo.
O Rap fez eu ser o que eu sou.
EU SEI quem esteve lado a lado e quem só ficou na bota.
Nada temo porque nada devo.
O inimigo só é perigoso quando você pensa que ele é seu amigo.
Sigo.
O Rap também segue, a um ano atrás ou mais, uma matéria no ESTADÃO decretou: - CRISE NO RAP.
Agradecimentos ao Estadão, foi tanto progresso e conquista depois disso que acho até que essa matéria foi pra tirar a zica.
Poxa, até esqueci de dizer, foi surgindo mais gente, que abriram outras portas, Max BO, Kamau, Emicida, CRIOLO (versão sem doido), Rashid, Pentágono, Projota.
Surgiu Rinha dos Mc's, Batalha da Santa Cruz.
Essa nova geração digamos assim, não se incomodou em cantar no centro, ir na mídia.
Max BO apresenta o Manos e Minas, agora temos até programa de TV na Cultura. Olha o progresso.
Temos um quadro no SPTV da Globo, comigo mesmo no comando.
O Emicida ganhou o mundo, viajando pra Nova York, você hoje vê Nelson Triunfo (das antigas) e Rashid (mas da atualidade) em comercial da SPORTV.
Hoje o RAP ta ai .... pra todo mundo vê.
Nos dias atuais é fácil ver MC e grupo de Rap no Aeroporto, segue a nova geração no Twitter.
MC Marechal (Um só caminho) ganha o mundo, vejo PREGADOR LUO em alt door nas ruas do Rio de Janeiro. Renegado de Minas, Versus 2 da Bahia, Atitude Feminina do DF, Nitro Di do Sul desde os tempos de DA GUEDES, vem de todo lugar.
Impossível citar nomes, vou esquecer de muitos
Quando a caminhada fica dura, só os duros continuam caminhando.
Muita gente parou por conta da falta de shows, perseguição e marginalização do movimento, casamento, trabalho e tantos outros motivos.
Uns não resistiram e foram pro crime, outros tantos foram resgatados, do carceré saiu Detentos do Rap, Dexter, só pra citar os mais atuantes.
O movimento não parou, só foi se multiplicando e hoje é um exército.
Circula nas quebradas, dividindo a atenção com o FUNK que chegou pesado e pegou tudo os jovens que não tão a fim de falar de revolução, quer mais é beber, meter e zuar.
Circula no centro, nos eventos grande (Prêmio VMB, Black na Cena), circula nos avião, nos hotel. O limite é o mundo, DMA quebrou tudo na França.
Tem as mina, cito a Lunna da Frente Mulheres no Hip Hop, grande guerreira, Rubia, De Deus, Lívia Cruz e outras, tão ai na missão também, hip hop de saia, salve Re.Fem, Jéssica Balbino, KMilla CDD e tantas outras.
CRIOLO é MEGA sucesso de crítica e público, quebrando tudo, nos programa de TV, capa de jornai (s) e Revista (S), tudo assim no plural mesmo.
Cada um cada um, não sei se o FUNK fica ou passa.
Mas o RAP mano, esse eu sei.......... não passa porque não é moda.
É Cultura.

Alessandro Buzo
escritor, cineasta e apresentador TV

www.buzo.com.br

5 comentários:

  1. Dá hora!!!! Seu texto me fez viajar no tempo!.... Comecei a curtir rap sozinha sem influencia de ninguém.... quando tinha 13 anos (1993)...... Fui ao meu primeiro show de rap aos 15 anos! Em 1999 fui a um grande show no Anhembi com direito a show do "Naughty by nature", em 2000 conheci o amor da minha vida num show de rap na Jambo Mix(Itaquera)...... em 2001, 2002...(resumindo pois tenho muita historia pra contar!) fui a muitossss shows..... estou com 31 anos e ainda amo rap e me emociono com vitórias! PARABÉNS Buzo por esse texto e por suas conquistas!

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  2. pode pá né tiu vix o rap é mais forte q tudo isso mais forte q as crises q o sistema nos impõem me vi la traz oh final dos anos 80 iniciando os 90 eu apenas um canela seca nas ruas da zona sul de sp-(salve parque regina paraisopolis)desde pivete a nossa trilha sonora foi o rap> geração rap, pepeu, thaide e dj hum racionais e tantos outros vix daria um livro se fosse contar mais o importante está ai o rap continua vivo por mais que o sistema cale algumas vozes... o grito de liberde ainda ecoa pelas quebradas tenho orgulho de disser que o rap me trouxe varias coisas, amigos,inimigos,cultura informação e acima de tudo o gosto pela leitura me lembro daquele disco do racionais escolha seu caminho na contra capa us cara com vários livros vix ali foi a deixa pra começar a ler e não para não tenho nenhuma vergonha em disser sem o rap truta nois seria só mais um alienado vendo tv como disse o velho raul com a boca cheia de dente esperando a morte chegar sumemmu loko entre erros e acertos derrotas e conquista #rap ainda é vida pra uma pa de loco das perifas desse imenso pais periferia #013 3.1 com o rap onde ele estiver paz...#texto loco impossivel não comentar paz... Não lembro como é a letra do hino nacional mais ai fim de semana no parque é meu hino ehhee ...#013

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  3. Van e VATO, emocionante o depoimento de VCS.

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  4. Parabéns pelo texto irmão.
    Aqui em Caxias, a gente começou imitando o Michael Jackson. Parece piada né? Depois imitávamos a novela da Globo. A gente não era, ou pensava que não era politizado.
    A influência dos caras do Soul era nítida, mas só fomos entender isso no final dos anos 80. Assim como Caxias, Mesquita é outra cidade da Baixada Fluminense que também tinha um movimento de break.

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