Li o nono livro de 2015, foi "A MENINA QUEBRADA" de Eliane Brum (Arquipélago Editorial - 432 páginas).
Os textos de Eliane Brum são sempre com profundidade, comprometimento com os detalhes da informação, com um olhar próximo.
Nessa baita livro textos da sua coluna no Site da Revista Época.
RESENHA DO LIVRO: FIEL de Jessé Andarilho
Por: Alessandro Buzo
Li em 24 horas o livro FIEL de Jessé Andarilho (Editora Objetiva - 216 páginas).
Jessé é CRIA da Favela Antares no Rio de Janeiro, como diz o próprio Jessé, 2 horas de qualquer lugar do RIO.
Conheci o Jessé quando ele ainda escrevia o livro (no celular), ele venho acompanhado do meu amigo Anderson Quack, também do RIO, ambos ligados a CUFA.
Na ocasião ele disse que quando o livro fosse publicado, queria lançar em São Paulo no Sarau Suburbano, disse que era só me procurar quando fosse a hora.
Ele apareceu de novo, já com o livro e marcamos um lançamento, foi no dia 10 de Março de 2015.
Do primeiro encontro até o lançamento. A vida de Jessé Andarilho mudou, ele continua em Antares, mas as possibilidades hoje são muitas.
Seu livro saiu pela OBJETIVA (empurrão do Celso Athayde), mas saiu sim, por merecimento, é um ótimo livro.
Fala de um "FIEL" no no conceito do tráfico no Rio de Janeiro, é um menor que cuida de tudo pro "PATRÃO", pode decidir coisas por ele e na ausência do patrão é ele próprio quem manda.
É uma ficção, mas parte das histórias Jessé trouxe do seu dia a dia na Favela de Antares, são histórias verdadeiras em personagens fictícios.
O FIEL do Jessé é uma história que parece impossível de acontecer, pra quem não conhece o tráfico no RIO e suas armas a mostra. É muito diferente de São Paulo por exemplo.
Como que uma criança de 14 pra 15 anos de repente por uma série de ironias do destino passa de um jovem criado numa família de evangélicos pra um FIEL que mata e morre pela causa.
Inteligente, surpreendeu pela estratégia que bolou na primeira guerra que participa pra tomar um morro dos "alemão" (na giria do RIO, alemão é inimigo).
Com isso cresce rapidamente no conceito do PATRÃO que o nomeia seu FIEL.
O FIEL botou a lei do bandido bom, sem esculachar o viciado e muito menos os moradores.
Ganhou respeito quando matou um bandido no começo de tudo, pra mostrar como seria punido quem desobedecesse suas ordens.
Com o crime conquistou seu grande amor e dinheiro, mas perdeu amigos e família.
Num momento critico, depois de um tempo no poder, cometeu seu maior erro, primeiro começou a cheirar cocaína e depois a fumar "zirrê", uma mistura de maconha com crack.
Eu (Buzo) fumei ZIRRÊ por quase um ano, em São Paulo se chama MESCLADO. Pra mim foi a "última droga" antes de eu parar com tudo.
Mas depois do ZIRRÊ / MESCLADO, a tendência é na falta de maconha, na fissura, fumar a pedra diretamente no cachimbo, é o fim.....
Pra saber como o FIEL acaba no livro, só lendo, não iria contar aqui, mas ele passou de PATRÃO à crakudo, nome do RIO ao que em São Paulo é NÓIA.
O livro vale muito a pena, conhecer a literatura do Jessé Andarilho que é um cara MIDIÁTICO, já foi nos grandes programas de TV, saiu nos maiores jornais do país.
Mas conhecer ele pessoalmente, seu amigo DANDO DE ANTARES, ai é outra fita, os caras são muito gozador e engraçados, aquela malandragem carioca do bem.
A literatura e a cultura impediu Jessé de virar um FIEL, mas ele passou bem perto.
É isso, um livro que traz uma verdade, com a cara dos morros do Rio, nem sempre maravilhosa.
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Alessandro Buzo - escritor
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