quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

SABOTAGE, 15 anos depois.



Por: Alessandro Buzo
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Há exatos 15 anos (24 de janeiro de 2003), morria de forma violenta, assassinado, um dos maiores nomes do RAP NACIONAL, o maestro do canão, SABOTAGE.
Porque é lembrado até hoje ?
Esses dias assisti ao filme do SABOTAGE, ali é nítido que ele poderia nunca ter sido "descoberto", ou poderia nunca ter feito sucesso. Poderia talvez, ainda estar no crime, talvez sem o sucesso, poderia até estar vivo, já que um dos motivos do inimigo dos tempos de tráfico de drogas ter lhe matado, foi inveja.
Sabotage era único, mas outros tantos talentos estão ai no mundão, sem nunca terem estourado, dado certo. Escondidos no crime, nas favelas, nas empresas atrás de um cartão de ponto pra pagar as contas e sobreviver.
Além do talento, Sabotage teve dois anjos da guarda, que enxergaram nele o talento, irreverência e foram atrás, resgatar literalmente ele do submundo do tráfico, os rappers Sandrão e Rappin Hood.
Mas depois disso, Sabotage andou com as próprias pernas, nos shows do RZO se tornou conhecido, depois fez seu clássico álbum Rap é Compromisso. E foi além, muito além.
Numa trajetória rápida, mas intensa, ele chegou 15 anos atrás ao cinema, mostrando que estava muito a frente dos rappers da época que ainda tinha receio de parcerias com pessoas de outras classes sociais, com a imprensa. Sabotage não, foi pra cima, sem mudar uma vírgula do seu discurso, mas chegou lá, fez filmes (O Invasor, Carandiru), brilhou.
Não tive o privilégio de conviver com ele, eu frequentei a famosa Laje do Helião em Pirituba, na mesma época que ele, mas nunca nos encontramos. Nem no dia das fotos do álbum Evolução é uma coisa do RZO, que ele não pode ir, eu estava lá com monstros como Sandrão, Helião, DJ Cia, Dina Di (também in memorian), Negra Li e outros.
Mas me orgulho de ser amigo dos filhos do SABOTAGE, Wanderson e Tamires, fiz algumas coisas com eles, mostrei na TV Cultura, no SPTV, onde passei. Se um dia vingar o filme Profissão MC 2, terá participação do Wanderson.
Quanta coisa poderia ter acontecido depois, mas a 15 anos um tiro covarde calou a voz de um dos mais legítimos rappers do Brasil e se o homem se foi, também a 15 anos nascia o mito, aquele que nem o tempo é capaz de calar, seguimos cantado, lembrado e eternizado.
PRA SEMPRE SABOTAGE, porque RAP é compromisso, não é viagem.
Alessandro Buzo
escritor




Buzo e os filhos do Sabotage, Tamires e Wanderson

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