sábado, 2 de março de 2019

Textão (sem foto) em pleno carnaval, pra ninguém ler.


Minha vida é de luta e superação.
Por:
Alessandro Buzo
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Quando meu pai foi embora e nunca mais voltou, minha mãe que era dona de casa virou empregada doméstica. Eu fui trabalhar de office boy em 1985, aos 13 anos, no centro de São Paulo, morando no Itaim Pta e pegando trem lotado.
Sempre trabalhei, nunca foi seduzido pelo crime, apesar de andar perto dele.
Depois vieram os anos de uso de cocaína, mais de uma década, até nesse tempo, o maior prejudicado era eu mesmo, usava com o dinheiro ganho trabalhando.
Depois venho o Hip Hop e o meu casamento com a Marilda, em 1998, que me afastou das drogas.
Enfim o ano 2000 que é divisor de águas na vida, em março nasceu o Evandro, meu único filho, em dezembro lancei o meu primeiro livro. Ai a Literatura entrou pra ficar na minha história.
Segui trabalhando e me envolvendo cada vez mais na cultura.
Em 2007 abandono meu último emprego formal pra me dedicar exclusivamente a trabalhos ligados à cultura.
Culminou na minha ida pro Manos e Minas da TV Cultura em 2008, dirigir o Profissão Mc em 2009, ir pro SPTV da Globo e mostrar a periferia na plim plim, de 2011 à 2014.
Quem conhece de perto sabe que meu maior sonho era a casa própria, sonho realizado nessa época global.
Sempre lutei pela valorização da cultura da periferia, mas 2017 foi ruim, 2018 foi péssimo e 2019 que começava com expectativa boa de retomada, acaba sendo um ano de incertezas, minha Livraria Suburbano Convicto fadada a fechar as portas antes de completar 12 anos, eu que planejava lutar e resistir após o carnaval, sofro um acidente jogando bola e fraturo a Tíbia, dois meses fora de combate, sem poder pisar no chão.
Grana curta, sem poder andar, trabalhar, me vejo de mãos atadas, só não caio na depressão porque tenho uma esposa e um filho lado a lado na alegria e na tristeza.
Amigos são poucos que chegam junto nessas horas, agradeço ao Toni Nogueira em especial que me presenteou com um par de muletas.
Carnaval só na TV, ainda bem que não tinha grandes planos como folião esse ano, tô de molho.
Futuro a Deus pertence, mas é certo que após minha recuperação, tenho fé na primeira previsão (6 semanas), vou resistir.
Não está fácil viver, a vida é de altos e baixos, não desacredita me vendo em baixa, que na melhor hora vou dar a volta por cima, sacudir a poeira e fazer acontecer.
A fase difícil é só pra gente ver quem tá junto de verdade.
Tô de olho aberto, pra ver de onde vem a porrada.
Aqui é "Suburbano Convicto" até depois do fim.
Alessandro Buzo
escritor e cineasta.

Um comentário:

  1. Boa noite.
    Acabo de receber, da mão de uma amiga, um de seus livros - Favela toma conta - e em menos de dois dias estou prestes a terminar e já na ânsia de ler todos os outros. A leitura favor no trajeto de metrô/trem, saindo de Itaquera seguindo até Morumbi pra trabalhar.
    Estamos na batalha pra inaugurar uma biblioteca na comunidade do Nhocuné...e ler sua história so deu força e inspirou!
    Valeu, obrigada!

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