sexta-feira, 3 de junho de 2011

Prova de fogo, falar em português pra platéia de Hermanos.


Buzo e os donos do estabelecimento, fui muitíssimo bem recebido por eles


Buzo e a organizadora do encontro Maria Sol Fantin


Javier Antonio Galarza, Lúcia Tennina, Buzo e Marilda Borges


Ontem (quinta 02.06.2011) fiz minha primeira atividade literária internacional e podem acreditar, foi uma prova de fogo.
Chegamos ao local do evento COMEDORES DE POETAS, um casarão sem nenhum tipo de identificação do lado de fora, o evento e o estabelecimento são meio clandestinos.
Não existe SARAU em Buenos Aires e a organizadora do evento pretende fazer um SLAM, o que de mais proximo de um SARAU eles conhecem.
O Comedores de Poetas é um encontro de poetas onde 3 convidados da noite lêem um CONTO.
A primeira da noite foi uma mulher que leu um longo texto com a atenção geral.
O local (BAR) serve cerveja de litrão gelada, outras bebidas e uma deliciosa empanada, muito tradicional aqui em Buenos Aires.
Fui recebido muito bem, com entusiasmo por alguns e curiosidade por outros.
Os donos do estabelecimento (em especial um deles, mas os dois), foram muito gente boa.
Peguei uma cerveZA e ele: - Você é o brasileiro ..... ta certo. Não deixou eu pagar.
Tomamos outras o clima do local é muito loko, me senti num local SECRETO, mas de fato é...... como a ditadura deles (Argentina) acabou a pouco tempo em comparação a nossa (anos 80), a poesia é estremamente marginal e clandestina.
Depois da primeira leitura venho um segundo.
Pausa pra beber, vários fumam cigarros que da um ar esfumaçado ao local.
Uma biblioteca comunitária numa das paredes, durante a leitura um hermano toca piano.
Mais gente vai chegando, o lugar estava enfim cheio.
A Marilda olhava meio assim, não sei se estava bem porque não dava pra ficar perguntando, aqui o silêncio também é uma prece. Talvez ela estivesse passando mal com a fumaça, mas ela estava de boa. Achando tudo meio estranho e diferente, mas de boa.
Um simpático escritor de nome JAVIER ANTONIO GALARZA me propos um escambu, troquei um livro meu pelo dele GRITO COTIDIANO. Ele fez fotos e me deu abraços.
Fui anunciado como um escritor Brasileiro de literatura marginal que iria ao final participar do encontro, eles (Aplaudiram)....na verdade eles não aplaudem, as palmas deles é estralando os DEDOS, pra não chamar a atenção da rua.
Me sentia no filme O QUE É ISSO COMPANHEIRO....versão argentina.
O terceiro poeta/escritor da noite leu um texto (não entendi nenhum dos três), porque falando rápido é mais difícil, mas nesse terceiro todos riam, deu pra ver que o texto era bastante engraçado, até o mano lendo ria dele mesmo, mas deu um clima de descontração.
Ultimo intervalo e FINALMENTE EU, quase meia noite.
Abri falando em português..... fiz duas poesias curtas e contei minha tragetória e como é a cena literária no Brasil, quando eles não compreendiam a Lúcia Tennina (minha amiga) traduzia. Falando em MULHER, uma das ORGANIZADORA do encontro, Maria Sol Fantin, foi muitíssimo gentil comigo.
Várias partes da minha fala eles aplaudiram (estralando os dedos), alguns pareciam distantes e outros prestando muita atenção, mas quando as conversas paralelas surgiam o silêncio era pedido.
Tentei não esticar muito o chiclete, disse que nossa literatura periferica é de resistência e protesto e diferente dali era feito abertamente em bares, disse o que era os SARAU (Slam sem disputa) foi a forma mais pratica de explicar. Disse ainda que tinhamos um SLAM (ZAP), disse que hoje conquistavamos espaço até em eventos oficiais como feiras de livros e a VIRADA CULTURAL organizado pela PMSP. Mas seguiamos nas quebradas, em bares como eles, mas aberto ao público geral.
Um enerme copo com uma bebida (parecia agua) com gelo me foi servida. Numa pequena pausa o dono do local disse: - Queres isso ou OTRA COSA. Imagina....nem tinha tocado na AGUA. Pra não desfazer disse: - Esta BEM isso mesmo. E bebi. Era TEQUILA com soda (muito bom) e passei a gostar de agua na hora, a verdadeira agua que passarinho não bebe.
Foi então que entrei na leitura do texto SELVA DE PEDRA do livro Pelas Periferias do Brasil - Vol III, falava uma fala e a Lúcia Tennina TRADUZIA, essim intercalando portugues e espanhol, enecerrei minha participação sobre DEDOS ESTRALANDO e saideiras, deu o LIVRO pra um hermano do meu lado mui interessado e que participava atentamente de tudo que eu dizia. Eles me deu um beijo no rosto e pensando no COMEDORES DE POETAS fiquei de olho nele, qualquer movimento brusco eu iria quebrar garrafas. Mas ele sacou um livro LA INSURRECCIÓN QUE VIENE de um tal de COMITÉ INVISIBLE, fez uma leitura e me deu o livro.
No final o Javier A. Galarza fez algumas leituras do seu GRITO COTIDIANO.
Bebemos uma saideira e partimos. No nosso BONDE ainda tinha o DIEGO (gente boa, amigo da Lúcia). Quando ele disse que não falava português até a terceira cerveja eu achei graça, ele disse: - Depois falamos portugues, francés e eu complementei: - Até Japonés.
Mano, não poderia ter sido mais LOKO minha primeira atividade internacional, SU REAL talvez, uma prova de fogo com certeza, maior que falar pra uma platéia só de negros (eu branquelo) no dia 20 de Novembro uma vez em São Luiz do Maranhão....ontem foi mais GANGSTAR, mais PUNK, mais incrivelmente MIL GRAU.
Posso dizer que me senti num pelotão de fuzilamento, mas ninguém atirou, só foram dedos estralando e pedidos de saideira.
Quem viveu sabe do que estou falando, valeu HERMANOS.

Alessandro Buzo
escritor
www.buzo.com.br




Buzo e Marilda




Lúcia Tennina e Buzo


Fundão




Meus livros que deixei em destaque


Buzo e a escritora que fez a primeira leitura da noite







Lúcia e Diego




Autografei uns livros também




Javier A. Galarza autografa livro pra Buzo




2 comentários:

  1. Buzão to aki na torcida por vc e a Marilda!!!Tamo juntoo!!!! #Progresso Guerreiro

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  2. Da hora, pique revolução mesmo, feita na surdina, da hora demais. É o que dá mais moral pra famosa frase: " a revolução não será televisionada". Valeu Buzo por nos representar tão bem em terras estrangeiras, e desmistificar essa história de que argentino é inimigo ( na verdade no futebol continua sendo, mas vamos relevar). Sobre o Comedores de poetas, todo cuidado era pouco mesmo, mas depois da tensão, o que resta é exaltação. Abraços.

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