domingo, 5 de fevereiro de 2017

Entrevista com atores do filme: Fui ! .... Depois de falarmos com os protagonistas, agora é a vez de Katia Cipris, única atriz profissional do elenco.



Alessandro Buzo: Você é a única atriz profissional no filme: Fui ! Porque aceitou o desafio ?
Katia Cipris:
Porque gostei das pessoas que fazem parte desse projeto, senti uma energia muito boa de gente querendo fazer um trabalho por amor, na raça. E pra mim será um prazer mais que um desafio poder trabalhar onde moro fazendo o que gosto.

Buzo: Como ficou sabendo do projeto do filme ?
Katia Cipris:
Uma amiga, a Mônica Tiegue da banca Camburizinho, me convidou pra ir ao Sarau Suburbano no Bar Cartola em Boiçucanga e lá ela me falou que vocês iriam fazer um filme aqui no Litoral Norte. Gostei do sarau e fiquei interessada no trabalho de vocês.

Buzo: Além de atuar você vai fazer também a "preparação de elenco", como fazer as duas funções ? Como pensa essa preparação ?
Katia Cipris:
Fazer as duas coisas é simples porque a preparação do elenco será feita antes de começarem as filmagens. O trabalho de preparação já é uma espécie de ensaio pra mim também. As duas atividades são complementares nesse caso.
Quanto à preparação, como o elenco é todo de não-atores e não temos muito tempo, quero partir diretamente das cenas escritas por você, trabalhando primeiro e mais profundamente as cenas que exigem emoções intensas do elenco, nos encontros gostaria de começar com uma conversa com você e o elenco sobre o clima de cada cena, sobre o tipo de enquadramento, se vai ser um plano geral, plano americano, etc pra gente saber como será a movimentação dos atores, depois vou conduzir um breve relaxamento e em seguida os atores farão improvisações das cenas. Após as improvisações vamos conversar sobre as impressões, as idéias que surgiram... e você diz se quer mudar alguma coisa ou acrescentar algo... Repetimos as cenas algumas vezes e depois só vamos fazer um ensaio rápido no dia da filmagem antes de começar a gravar.

Buzo: Nos fale da sua carreira de atriz.
Katia Cipris:
Sou atriz profissional desde 1992, mas fazia teatro já na infância, eu tinha um grupo com meus irmãos e primos, fazíamos a peça „Os Saltimbancos“ e nos apresentávamos em associações de bairros e festas da família. Fiz teatro na escola também, sempre amei esse trabalho.
Nos anos 80 fui estudar teatro na Escola Macunaíma e a partir dali fiz muita coisa, passei um ano na escola de circo Picadeiro, também estudei dança, canto, teatro físico, biomecânica de Meyerhold,...
Em São Paulo trabalhei com Plínio Marcos, Zé Celso Martinez Correa, Domingos Oliveira, Renato Cohen entre outros diretores.
No final dos anos 90 fui morar na Alemanha e depois de 2 anos morando lá fui convidada para fazer a Celimène na peça o Misantropo do Molière, em alemão, no teatro da Universidade de Mannheim. Esse foi o maior desafio que já tive, eu tinha muito texto e tinha que exercitar a pronúncia correta de cada palavra. Pratiquei muito, me dediquei completamente durante um mês e todo o trabalho trouxe resultado porque recebi boas críticas nos jornais e mídias da região.
Atuei em um longa-metragem para a TV co-produzido pela Alemanha (ARD) e Áustria (ORF), dirigido por Franz Xaver Schwarzenberger que foi cameraman do cineasta alemão Fassbinder. Meu personagem era uma professora de danças latinas.
Trabalhei com o grupo espanhol La Fura Dels Baus duas vezes, em uma ópera e em uma performance. Trabalhei como atriz em mais duas óperas dirigidas por David Mouchtar Samoraium diretor iraquiano que vivia na Alemanha.
Em Berlim participei da leitura dramática em alemão da peça „Dois Perdidos Numa Noite Suja“ do Plínio Marcos, no Teatro Volksbühne.
Também dirigi uma peça alemã com atores alemães e recebi boas críticas nos jornais e revistas de cultura.
Fiz uma pontinha no filme Speed Racer dos irmãos Wachowski.
Esse foi o último trabalho que fiz em Berlim antes de voltar a morar no Brasil.
De lá pra cá tenho atuado em alguns curta-metragens e feito workshops de teatro e cinema em São Paulo. Estou sempre estudando, um ator sempre tem algo a aprender durante a vida toda.

Buzo: Um filme ?
Katia Cipris:
O filme que eu vou falar é bem antigo, talvez poucas pessoas conheçam mas é meu preferido, o nome é „Malpertuis“ de um belga chamado Harry Kümmel. Vi numa mostra internacional de cinema em São Paulo nos anos 80 e nunca mais esqueci. O Orson Welles faz um dos personagens. Revi o filme no ano passado e ainda gosto muito.

Buzo: O filme é só com moradores locais do Litoral Norte, você não é caiçara, como veio parar em Camburi ?
Katia Cipris:
Eu conheço Camburi há quase 30 anos, cheguei a acampar uma vez no canto direito da praia quando isso ainda era possível. Mesmo morando na Alemanha eu vinha todo final de ano pra cá.
Depois de 10 anos fora, decidi voltar para o Brasil e viver em contato com a natureza, não queria voltar a viver em São Paulo e me mudei direto de Berlim pra Camburi.

Buzo: Quando conheceu meu trabalho ?
Katia Cipris:
No dia em que fui ao Sarau Suburbano no Bar Cartola em Boiçucanga. A partir dali fui conhecendo um pouco do seu trabalho. Ainda estou conhecendo, você é muito ativo, tem muita coisa pra eu conhecer ainda.

Buzo: O que achou do filme: Profissão Mc ?
Katia Cipris:
Gostei muito, acho necessário ter esse olhar para as pessoas e lugares que o filme mostra. É um filme muito verdadeiro. Gosto do final porque mostra que de alguma maneira a Arte pode salvar as pessoas, tirá-las de uma condição que elas não escolheram e que não é justa. Além disso sou fã do Criolo.

Buzo: Pronta então pra encarar a missão do Fui ?
Katia Cipris:
Sim e com vontade de encarar essa missão.



Katia Cipris em cena 1



Katia Cipris em cena 2

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