sábado, 4 de agosto de 2018

Meritrocacia é a PQP !

Você sabe o que significa: Meritrocacia ?
Meritocracia: predomínio numa sociedade, organização, grupo, ocupação etc. Daqueles que têm mais méritos (os mais trabalhadores, mais dedicados, mais bem dotados intelectualmente etc.).
Meritocracia é um sistema ou modelo de hierarquização e premiação baseado nos méritos pessoais de cada indivíduo.
A origem etimológica da palavra meritocracia vem do latim meritum, que significa “mérito”, unida ao sufixo grego cracía, que quer dizer “poder”. Assim, o significado literal de meritocracia seria “poder do mérito”.
De acordo com a definição “pura” da meritocracia, o processo de alavancamento profissional e social é uma consequência dos méritos individuais de cada pessoa, ou seja, dos seus esforços e dedicações.
DEFINIÇÃO DE ALESSANDRO BUZO SOBRE MERITROCACIA: Meritrocacia é a PQP !
Explico porque: - No Brasil, país racista, machista e outros istas, mérito, esforço e dedicação não definem nada.
Quando você nasce pobre na periferia, você nunca vai ser plenamente vitorioso por simples meritrocacia, salvo casos isolados.
Primeiro começa pela educação.
Quando você estuda numa escola pública, está fadado a estudar feito um louco pra ter uma oportunidade na vida, um emprego melhor.
Numa escola particular, você tem grandes chances de ser no futuro o patrão daquele pobre que se esforçou.
Já o pobre que não se esforçou deve estar preso, morto ou num emprego de merda ganhando piso salarial e aguentando patrão.
Eu nasci pobre, meu pai aos 12 anos de idade foi embora e nunca mais voltou, minha mãe era dona de casa e virou empregada doméstica.
Mas mesmo com tudo contra, o crime ali do meu lado, não virei bandido.
Virei trabalhador, sempre ganhando mal, me fodendo nos trens lotados e endividado.
Mas, graças a cultura me destaquei.
Lancei 13 livros (até aqui), organizei outros 12, fiz 2 filmes sem captar nenhum real, etc.. etc..
Mas ainda assim, apesar da visibilidade que 3 anos na maior emissora de TV do país me deu.
Nunca vou deixar de ser um periférico, favelado. Nunca vou ter as mesmas chances.
Acabo de realizar um longa metragem e isso não serve pra nada. Não parece mérito nenhum ter conseguido fazer um filme, um longa, mesmo que sem dinheiro e com qualidade.
Dificilmente você irá ver meu filme em destaque na ILUSTRADA da FOLHA ou no CADERNO 2 do ESTADÃO, em cartaz nos cinemas então, só se tiver distribuição e pra isso meritrocacia não serve de nada, precisa ter bala na agulha, ganhar festivais, etc, etc.
Nem matéria nos programas de TV que trabalhei vão fazer, 3 anos de bons serviços prestados no Programa Manos e Minas da TV Cultura e no SPTV da Globo não me dão mérito suficiente pra fazerem uma matéria bacana de um filme que realizei.
Se na esfera cultural meritrocacia não vale porra nenhuma, no capitalismo das empresas muito menos.
Não quero ser pessimista, mas percebo que é uma luta em vão, nunca vão deixar eu chegar no topo, preciso me contentar em chegar perto no máximo.
Quando vejo alguém que defende a meritrocia tenho vontade de pular em cima e cobrir de porrada.
Vejo que ainda tenho muita lenha pra queimar na cultura, na literatura, no cinema e na TV, se um dia pintar uma nova oportunidade.
Mas meu coração diz que preciso focar mais no social, transformar vidas, trabalhar com crianças carentes e dar a elas a chance de fugir do círculo vicioso.
Esse texto é um desabafo, de alguém que está cansado de ver um monte de gente com o EGO acima da causa.
Sou desprovido de EGO, sou Suburbano Convicto.
Vou lutar a partir de hoje pra unir o cultural do social.
Pretendo seguir lançando livros e fazendo filmes, se for possível. Mas vou focar mais no social.
Quem viver, verá.
Alessandro Buzo

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