quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Buzo 10 Anos de Carreira - História 2

Por: Alessandro Buzo
www.buzo10.blogspot.com

Comecei essa retrospectiva dos meus 10 anos de carreira, com a história 1.....falando do lançamento do meu primeiro livro, mas vale a pena agora, contar como ele surgiu.
Estava escrevendo sempre alguma coisa, ou pro Jornal Pagina 1 do Itaim Pta ou pro Zine Mutante do Sebo Mutante, do mesmo bairro. Além de publicar sobre futebol na coluna "A Voz da Arquibancada" (leitores) no extinto jornal impresso "A Gazeta Esportiva".
Nesses 3 veiculos eu passei a tomar gosto em publicar meus textos.
No Pagina 1 passei a ser colunista, com a coluna "Futebol de Várzea".
E meus textos na "Gazeta" repercutiram no trenzão, pensei que só eu acompanhava a coluna, mas descobri que não e o reconhecimento me deu animo de seguir. Quem mais comentava era o Neta, que passou a ser mais proximo desde então, hoje é um dos meus melhores amigos.
Mas o veneno do dia a dia no trem do extremo leste de SP (Hoje, Linha 12 - Safira), fez com que minha escrita migrasse do futebol pro protesto social.
Em 1998, 1999 o trem estava muito ruim, atrazos, descaso, super lotação.
Eu pegava todo dia, ida e volta no horario de pico, do Itaim Pta pro Brás e vice versa. Sempre no famoso "ultimo vagão", intitulado pela mídia como o "Trem da Maconha", realmente a galera fumava vários baseados e a polícia constantemente fazia blitz, mas só achava ponta, pequenas parangas e muitas marmitas.
Assim seguia a vida. Passei por vários sub empregos, para sobreviver apenas.
Fui apontador em obra, ajudante geral numa firma de tecido no Brás, carregando peso (que nunca foi minha praia), fiquei lá 3 mesês e fui mandado embora a um mês do meu casamento em setembro de 98.
Ai, através de um anuncio no jornal, entrei no ramo de alimentos, onde fiquei até 3 anos atrás, quando passei a trabalhar só com cultura.
Não que vender alimento em atacadista e importadora não fosse um sub emprego, vendia quase 100 mil reais por mês para entre fixo e comissão para ganhar menos de mil reais (comissão 0,5%), traduzindo....meio por cento.
Casei e passavamos vários perreios financeiros, a Marilda lado a lado "na alegria e na tristeza, sempre devendo mais do que ganhava.
No trem o chicote estralava, superlotado e tomando enquadro, mas se no ultimo vagão era ruim, nos outros era pior, porque a rapaziada mais firmeza e as mina mais da hora, ia tudo ali, era uma festa em meio ao Kaos.
Escrevi sem maiores pretenções, um texto intitulado "Ferrovia Nua e Crua", digitei no trampo, imprimi e tirei umas 50 xerox.
Cheguei a tarde na Estação do Brás e distribui para amigos e ambulantes.
No dia seguinte, muitos vieram me parabenizar pelo texto, diziam ter se sentido representado, que o que narrei era nossa história e não aquela que saia na versão oficial da imprensa, mais sim o outro lado, os usuários que não tinham opção e eram obrigados a pegar o trem (cara de lata) lotadão todo dia.
Seguiu a vida e o pessoal (por conta do texto), passou a por pilha.......porque você não escreve o livro do trem ? Direto me diziam isso e passei a escrever, em casa, num caderno a mão (nem sonhava ter computador).
Quando o livro ficou "pronto", finalizei a parte escrita. Pedi para um amigo do trabalho, que tinha computador em casa, digitar pra mim. 4 mesês depois ele me entregou o livro num "disquet"
Imprimi em sulfite umas 20 cópias e mandei para algumas editoras (peguei os endereço nos livros que eu tinha) e empresas (através das paginas amarelas), pra essas, pedindo patrocinio.
Estava ainda no atacadista no Brás, e só recebi votos de boa sorte, nem editora e nem patrocinio.
Quando meu filho nasceu (março de 2000) a minha esposa teve depressão pós parto, fiquei muito mal e pra me ajudar (foi as palavras do meu patrão) com meus problemas financeiros, ele me mandou embora.
Não me abalei, com a carteira de clientes que formei, inventei um jeito mil grau de procurar trabalho, ligava nos atacadistas e pedia pra falar com o gerente de vendas, ai dizia que tinha uma carteira de clientes nervosa e eles me contratavam.
Entrei nuns 3 seguidos assim, mas sempre tinha muito menos mercadoria que de onde eu vim e não atendia meus clientes, na verdade estava queimando meu filme.
Até eu voltar pra ativa, quando fui contratado (no mesmo esquema de ligar) pela Super do Brasil em Guarulhos, de novo tinha produto a oferecer e vendi muito ali.
Pegava bem menos o trem e isso doia, como fazia falta o convivio diário dos manos.
Mas pegava de vez em quando, mesmo sendo mais fora de mão ir e voltar de trem.
Nessa teve uma bienal do livro (2000), e alguma editora me indicou pra uma matéria pro SPTV da Globo, que era sobre pessoas que queriam lançar seu primeiro livro.
Dei minha primeira entrevista pra TV, na plataforma do Brás, o reporter era o Brito Jr, hoje na Record.
Ai fudeu de vez, virei artista sem ser. Muita gente perguntava do lirvo e eu não tinha nenhum lugar e nem animo mais para tentar publicar. Isso foi me fazendo mau, no trem não aguentava mais dar desculpa pro atrazo na publicação.
Inventei várias coisas para adiar ou enrolar (no bom sentido) a rapa, primeiro inventei uma votação do titulo do livro, como a gente andava no "ultimo vagão", o nome: "O Trem - BASEADO em fatos reais", ganhou disparado das outras 4 opções.
Depois inventei uma sessão de fotos que sairiam no livro, foi um acontecimento as duas sessões que aconteceram.
Mas livro que era bom, nem em sonho.
Um dia eu estava desanimado no trabalho e meu gerente me chamou, pensei: - Lá vem comida de rabo.
Mas não, ele queria saber do livro da entrevista pra Globo (na firma vários assistiram), expliquei que independente iria custar uns 3 mil reais e que pra ter esse dinheiro, só roubando um banco, ele ficou de falar com o poderoso chefão (o dono da firma), esse me recebeu dias depois (antes leu o livro impresso em sulfite) e me disse que ajudaria não por eu ser funcionário e sim porque o livro era bom.
Me daria "um terço" do livro, ou seja.........mil reais.
Fiquei feliz e triste, feliz pelos mil e triste por não ter os outros dois mil.
Mas deu animo e corri atrás, dando o que tinha de entrada e parcelando o restante, lancei em dezembro de 2000 o livro, se todo mundo que perguntava dele tivesse comprado, seria um best seller, mas vendi bastante no começo, na firma foi uns 70.
Continuei trabalhando por alguns anos ainda, mas agora além de vendedor de alimentos, eu era um "escritor".
Semana que vem, novo texto nesse especial "Buzo 10 Anos de Carreira "

Um comentário:

  1. q loko ey
    me lembrei do primero livro q ouvi fala de vc
    na epoca na minha quebrada era embassado pa chega o livro dp alguns anos eu consegui
    me indentifiquei de protidão
    pow parecia ate us busão q noiz pegava td dia da zona rural pra cidade pa estuda e pensar q em dez anos pouca coisa mudou por la, maz ta fmz mano se é exemplo pa noiz ..paz e vitoria nesse ano q esta somente começando
    urrulllll muita coisa boa por vim .....

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