Resenha do livro que será lançado hoje......por Jéssica Balbino

Semana passada a jornalista Jéssica Balbino de Poços de Caldas esteve em SP pra prestigiar o lançamento do CD do grupo Inquérito na Livraria Suburbano Convicto, ela foi a "UNICA" pessoa que viu o livro "Hip Hop - Dentro do Movimento" antes do lançamento.
Como entrevistada na obra ela tinha direito a um eemplar de cortesia e levou (um a menos pra enviar)....
Mas dei a missão, ler e escrever um release pra publicação hoje, no dia do lançamento da obra.....e é isso que ela fez, confira abaixo o que ela tem a dizer sobre o novo livro de Alessandro Buzo



"Visto de dentro"
Por: Jéssica Balbino *



Alessandro Buzo passeia pelo hip-hop com o novo livro “Hip-Hop: dentro do movimento”

“Filho legítimo da periferia e pá. Se duvidar, é só fazer o DNA”. Com esta frase da música “Favela até o fim”, do grupo Inquérito, pode ser resumido o livro “Hip-Hop: Dentro do Movimento” do escritor Alessandro Buzo.
Ousadia, coragem e consideração. Estes são os pilares desta obra da editora Aeroplano. Escrito em poucos meses, o livro traça um panorama de toda a cultura hip-hop, dentro e fora do berço dela – a cidade de São Paulo – e leva os leitores para uma viagem por dentro dos elementos Dj, MC, dança de rua, graffiti e ainda o conhecimento e tudo que ele engloba.
Como contextualiza Heloísa Buarque de Hollanda, a curadora da coleção Tramas Urbanas, o livro é, na verdade, uma conversa de mano para mano.
A intimidade das perguntas, a maneira de falar, a preservação das gírias e a fidelidade às gravações fazem do livro algo puro. Uma incursão no hip-hop feita de mãos dadas com quem entende do assunto e já tem um caminho trilhado para te levar.
Simples, rápido, direto, objetivo e enriquecedor. Assim é o livro do Alessandro Buzo. O primeiro dos muitos que devem ser lançados em 2011.
Como apaixonada pelo tema e pesquisadora da cultura hip-hop, posso afirmar que é um dos livros mais completos que já li sobre o tema. E realmente, vem de dentro do movimento. Não apenas recomendo como penso que deveria ser obrigatória a leitura.
As mais de 60 entrevistas feitas por Alessandro Buzo mostram a dimensão do movimento em todo Brasil e mais do que isso, a propriedade do autor em falar sobre o tema.
Apesar do formato, o livro está longe de ser cansativo e descortina várias faces de uma cultura que luta há mais de 30 anos para se consolidar.
Personalidades como Nelson Triunfo, Rappin Hood, Thaíde, GOG, Dexter, Re.Fem e Aninha Attitude aparecem nas páginas do livro, que fica entre uma reportagem, um relato histórico, uma pesquisa e sim, sempre, naquilo que chamamos de literatura periférica.
Como o hip-hop, não obedece regras, padrões, comportamentos e nem parâmetros. É uma obra livre, feita com o coração, com o envolvimento, com o sentimento.
Fatos emocionantes, divertidos, tristes e engraçados aparecem ao longo das entrevistas ou nas considerações que o autor faz entre um capítulo e outro e revelam exatamente o que o hip-hop é: contraditório e pulsante.
Autêntico e periférico, o livro é mais um presente para a favela, que recebe, de alguém que vive isso tudo, uma obra singular e que marca uma nova fase dentro da cultura. Portanto, como diz a canção do Inquérito que homenageia Alessandro Buzo e outros autores da literatura marginal: “ se a história é nossa deixa que ‘nóis’ escreve” .


* Jornalista, escritora, pesquisadora da cultura hip-hop e blogueira (www.jessicabalbino.blogspot.com)