quarta-feira, 6 de abril de 2011

Jogando o Jogo.

Por: Alessandro Buzo

Nessa vida não temos opção. Antigamente você queria PAZ ia morar no interior.
Hoje é a mesma coisa, babilônia em qualquer lugar.
Nesse mundo cheio de treta, desafios, raras oportunidades, drogas, crime, policia, medo, insegurança, falta de tempo, falta de dialogo, falta de interesse em mudar. Nessa terra onde os políticos na sua grande maioria são uma piada de mau gosto, é muito deputado, vereador e centenas, talvez milhares de assessores, muita gente mamando na TETA e o povo pagando R$ 3,00 no Buzão pra ir trabalhar.
Agora tem lei que artista de rua não pode fazer "USO INDEVIDO DO SOLO" e se tenta se apresentar, chega logo a guarda municipal.
País de merda que a mais de uma década perde tempo vendo paredão do BBB.
Pra viver nos dias de hoje, é preciso saber "entrar no jogo" sem se misturar com a GOZOLÂNDIA.
É preciso FÉ EM DEUS, sempre.
Preciso usar uma armadura e estar literalmente pronto pra guerra.
As ruas promovem essa guerra, a elite promove essa guerra gastando num jantar no FASANO e mesmo que paga de salário mensal pra sua empregada.
O salário do motorista que leva o filho do patrão na escola é menor que a mensalidade do mesmo no DANTE.
O Shopping Cidade Jardim não tem entrada de pedestre e o condomínio que vem junto, tem "Tudo" que um playboy precisa, banco, academia, lojas, cafés, restaurantes.
Algumas madames não saem pra rua (quase nunca), esse luxo todo, custa muito dinheiro, muito mesmo, pra uma elite classe AA que é vizinhos da favela real parque mais nunca se encontraram, nunca jogaram bola juntos, o Boy prefere jogar tênis.
Mas enfim....
Existe ainda uma outra cidade, as periferias.
Muita gente ainda vive bitolado no sistema, compre mais, BBB, A FAZENDA, e nada de livro, nada de viver pela quebrada, pela comunidade, só quer ter um carro melhor do que o do vizinho.
Mas tem bastante gente fazendo a diferença, criando, produzindo, protestando.
Fazendo música, livros, eventos.
Toda semana tem lançamento de alguém, hora do hip hop, hora da literatura.
Ainda é pouco perto do tanto de gente que ainda precisa alcançar. Mas já é um início real.
Pena que até entre nós é cada vez mais difícil o contato entre grupos e coletivos.
Todo mundo fazendo tanta coisa e falta as vezes um se comunicar com o outro, um fortalecer mais o outro.
Sinto falta disso, parece que antes a aproximação entre grupos, existe hoje um interesse a mais, uma certa disputa até eu diria.
Mas cada um no seu cada um, se não ajuda pelo menos não atrapalha.
Mas individualmente tem bastante coisa mesmo, muitos não se entregando a TV e partindo pra cultura, pra vida real.
Talvez essa falta de aproximação seja reflexo dos tempos modernos.
Hoje são tantos mil amigos no TWITTER e outras tantas mil no FACEBOOK, pra que uma visita ao cara (ou mina) que faz o mesmo corre que você, só pra bater um papo sobre cultura, parcerias e tomar cerveja.
Mas não posso reclamar, consigo ter pessoas que vejo verdade no olhar, muitas ao meu redor e prezo por esse clima de amizade, gosto de juntar as pessoas, tenho treta com ninguém, sou um cara fácil de achar, estou nas ruas, até na condução vc me tromba porque nem carro eu tenho (no momento por opção e parte por falta de habilitação), mas tô na beira de campo na várzea, tô na feira comendo um pastel e tomando um caldo de cana.
Tô sempre na minha Livraria Suburbano no Bixiga, minha casa também, onde recebo amigos, alguns fãs (olha só) e clientes.
Trabalhando mais do que no tempo que eu era empregado dos outros, trabalho dia e noite, mas é buscando progresso.
Esse ano quem sabe comprar meu barraco, um teto pra chamar de meu, quem sabe um carro depois.
Quarenta anos batendo na porta, filho de 11 anos pra acabar de criar, responsabilidades.
Só agradeço a Deus sempre por muitas pessoas maravilhosas que coloca no meu caminho, parece que a pessoa certa está sempre no lugar certo.
Claro que não tem como hoje você ter 5 mil amigos na redes sociais e não ter inimigos.
Pra quem é do mundão, a inveja é um dos sentimentos mais presentes.
Vai pra grupo não, as escolas públicas tão alienando a molecada faz tempo, ai depois a sociedade cobra, o patrão põe no tronco e o cara se curva ao sistema, bater de frente da trabalho, as vezes te chamam de bandido, revolucionário, baderneiro, misturam tudo porque queriam ser você e não são.
A TV acaba de moldar o povo e ninguém quer viver em um mundo melhor, quer só ter o carro do ano, o tenis da NIKE, a MOTO....queria ir pra Ilha de Caras, quem sabe dar a sorte grande e virar um BBB, ai vc ia disputar 1 MILHÃO E MEIO e se perdesse ainda pode "tentar" viver a vida toda de ser um "EX-BBB".
Existe dois mundo, um dos shoppings centers e seus ar condicionado e outro que te encontra na esquina, na hora que fecha o farol.

Alessandro Buzo
www.buzo.com.br

2 comentários:

  1. Salvee
    é quente mesmo e quando vc tenta bate de frente com o sistema,quando vc sai da linha,vc vira o bandido né tiu,terrorista,ladrão,malandrão...só quero igualdade e respeito mano.
    sou mais um que se identificou,observou e absorveu esse texto em loko,jogando o jogo da vida real onde não existe espaço pra lamentos.

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  2. falar o que do seu relato meu amigo so desejo progresso meu amigo

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