quinta-feira, 9 de junho de 2011

Entrevista "Alessandro Buzo" p/ PUC-RIO

Por: Luiza Garzon
Junho/2011

A Luiza Garzon da PUC-RIO me entrevistou, queria compartilhar com os meus leitores e perguntei a ela se eu publicar não atrapalharia o trabalho dela.
Com a sua liberação.....ai está.

ENTREVISTA COM O ESCRITOR ALESSANDRO BUZO


Alessandro Buzo



Quem você pretende atingir com seus livros? Qual o seu público-alvo?
Alessandro Buzo: VC...... além de VC meu público alvo é qualquer ser humano na face da terra que se disponha a ler, na real se um ET vier e quiser ler também é bem vindo.
Esses dias vendi livros em Portugues na Argentina, não tem limite.
Quero ver meus livros sendo publicados em outras liguas, países. Esse é meu publico alvo no momento.
Mas o foco sempre foi e será ver a periferia lendo, mas temos conseguido otimos resultados nesse quesito.

Qual a relação do hip hop com a literatura marginal?
Buzo: São irmãos, caminham lado a lado e lutam pela mesma causa.

E o grafite tem alguma relação com literatura marginal?
Buzo: Se o Hip Hop é irmão e o graffite faz parte dele, logo tem sim.
Hoje o graffiteiro MUNDANO tem tido muito destaque incluindo poemas e frases aos seus desenhos.

Como você acha que a Literatura Marginal está sendo vista no Brasil? Há algum tipo de preconceito em relação a esse gênero?
Buzo: Tem alcançado maior destaque acadêmico e em Feiras do Livro, mas quero muito mais.
O preconceito existe, o playboy intelectual queria ver seu filho escritor, mas ele foi pra RAVE (puts puts puts puts.....DOCE) enquanto eu escrevia a noite e pegava trem pra ir trabalhar pela manhã (do Itaim Paulista ao centro), logo ele tem uma mistura de preconceito/raiva/inveja.
Porque eu (um favelado) e não seu filho que se tornou escritor.

Qual foi o maior desafio de gravar Profissão MC?
Buzo: Convencer a produtora a fazer sem nenhuma real envolvido, esse foi o maior desafio e dificuldade.
O restante foi fazer o que sabia que sou capaz.
Me dê UM MILHÃO pra fazer um filme e faria um CLASSICO.

Foi uma surpresa ter ganho o prêmio Medalha Galgo Alado no Festival de Gramado ?
Buzo: Inesperado, sinceramente inesperado.
Fomos a GRAMADO, Buzo e CRIOLO (protagonista que acaba de lançar o CD NÓ NA ORELHA, que foi aclamado pela grande mídia, com merecimento), só exibir o filme no festival já estava bom demais, só que ainda nos presentearam com a MEDALHA GALGO ALADO que muito me honrou.

O Sarau Suburbano superou suas expectativas? Está crescendo?
Buzo: Esta crescendo, tem só 1 ANO.
Talvez tenha superado porque no centro era incerto se daria certo, mais os guerreiros e guerreiras aprenderam o caminho.

Como a primeira fase do modernismo, e a poesia marginal dos anos 70 influenciou na literatura marginal atual?
Buzo: Não sei se outros escritores, só posso falar por mim.
Não foi minha influncia, porque não estava lendo eles, estava pegando trem lotado e trabalhando das 8h às 18h por um salário de fome que nunca durava o mês inteiro.
Do descaso do governo (trens pessimos e lotados) e da elite (salario de fome), surgiu o odio que transformei em protesto através da literatura, por isso meu primeiro livro em 2000 se chamou O TREM - BASEADO EM FATOS REAIS, com duplo sentido, porque BASEADO vem de que retratava fatos reais vistos e vividos por mim e porque pegava o trem da hoje linha 12 SAFIRA da CPTM desde quando ela chamava-se VARIANT e sempre no ultimo vagão, Baclamado pela mídia e polícia como o VAGÃO DA MACONHA.

Quais são seus projetos para o futuro?
Buzo: Lembrei do TIM MAIA no livro do Nelson Motta respondendo essa mesma pergunta: - Comprar uma bunda nova que a que eu tenho esta rachada no meio.
Mas eu não sou ele e te digo.....
Meu projeto profissional é seguir fazendo livros, filmes e na TV mostrando a periferia de forma digna, porque pra mostrar desgraça tem o DATENA, Wagner Montes e um bando de sangue suga.
Pessoal é comprar uma casa propria e viajar pra vários países. Minha meta é 10 países em 10 Anos a partir de 2011.....fui no primeiro, passei 5 dias na Argentina, voltei domingo.

Como é o seu quadro no Programa Manos e Minas, da TV Cultura ?
Buzo: Visitar uma periferia e alguém de lá mostrar as coisas bacanas que estão rolando no hip hop, literatura, esporte, social, cultural, está no ar desde o primeiro Manos e Minas em Maio de 2008, fiz 3 anos de TV.
Eu sugiro a maioria das pautas e debato elas com os diretores.

Algum autor te influenciou? Você se inspirou em alguém?
Buzo: Não diretamente, mais meus preferidos são Ziraldo, Caco Barcelos, Carolina Maria de Jesus, Paulo Lins, Ferrez, João Antonio, Xico Sá.

O que você lê normalmente? Pelo o que se interessa?
Buzo: Já li 30 livros em 2011.
Leio livro SEMPRE e tudo que passa pela minha mão, jornais e revistas. Gosto muito de jornal impresso, mesmo estando sempre na internet.

Qual é seu filme e seu livro preferidos?
Filme: O que é Isso Companheiro ? e CIDADE DE DEUS
Livro: ABUSADO do Caco Barcelos e CAPITÃES DE AREIA do Jorge Amado.

Qual a contribuição da literatura marginal para a literatura em geral?
Buzo: Viemos pra somar e exigir nossa fatia do bolo, antes que falava de periferia era antropologo, não sei o que mais OLOGO.....hoje somos nós.
Mais temos bom relacionamento com todos, sabemos chegar e trocar influencias, gosto do Luis Ruffato, Heloisa Buarque de Holando, Marçal Aquino, Fernando Bonassi.

Quais foram as mudanças ocorridas depois da Semana de Arte Moderna da Periferia de 2007?
Buzo: Esse evento organizado pelo Sérgio Vaz e a Cooperifa foi um marco no sentido de mostrar pros acadêmicos e elitistas intelectuais que estamos produzindo querendo eles ou não.
O que mudou de lá pra cá.....não mudou, só seguimos produzindo cada vez mais, quando digo mais é MAIS PESSOAS e mais títulos, mais SARAU, mais tudo.

Você acha que agora que os autores da periferia escrevem sobre a própria pereferia, o retrato da realidade é mais fiel?
Buzo: Eu não acho. Eu tenho certeza.


Me chamo Alessandro Buzo.
Orgulho de ser brasileiro, não só em Ano de Copa.
São Paulo, metrôpole.
Minha terra, meu lugar.
Sou lá do fundão da leste, lugar de cabra da peste.
O Itaim é o paulista, não é o BIBI dos BOY.
Gueto, periferia, favela.
É tudo que eu vejo, olhando da minha janela.
Lugar melhor que lá não existe.
É lá que escrevo meus livros.
É lá que cresce meu filho.
Gosto tanto do lugar, que costumam me chamar
De Suburbano Convicto



EU

Peguei tudo que a sociedade me ofereceu.
Escola pública
Saúde Pública
Transporte coletivo.
Esgoto a céu aberto na infancia.
Juntei essa porra toda,
Bati no liquidificador e sobrou......EU


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Um comentário:

  1. ...hj vi uma palestra sobre o alessandro buzzo...feita por ele mesmo..foi la na biblioteca do Edu. Chaves..mto lçegal..to até escrevendo no meu blog!!!

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