quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Buzo 10 Anos de Carreira - História 4

Por Alessandro Buzo
www.buzo10.blogspot.com

Depois de tanto veneno na vida, começou um pouco de progresso em 2005.
Peguei embalo e depois de lançar na Edicon o meu segundo livro em 2004, no ano seguinte eu emendei o terceiro, ainda pagando parte dos livros em alimentos que mandava do atacadista na Rua da Cantareira onde trabalhava. Pra quem não conhece, é a rua do Mercadão Municipal Central.
Nascia o segundo livro que aboradava os trens da zona leste de São Paulo, reescrevi o livro porque 5 anos depois, continuava tudo igual.
O Trem - Contestando a Versão Oficial. A tal versão oficial era o horario político que dizia que os trens da periferia tinha ar condicionado e musica ambiente, na Linha 12 Safira, que era ainda Linha F, esse progresso não tinha chego, e hoje, mais 5 anos depois, também não tem ainda. Então contestei e estralei o xicote pro lado da CPTM. Repercutiu, a continuidade, ano passado vários bang do segundo livro e agora mais um, fez barulho.
Um mano foi importante nessa fase (do segundo livro), o Douglas Kim, depois ele sumiu geral, direito dele. Mas vale registrar que ele ajudou muito, principalmente na minha carreira, criou por exemplo o Blog Suburbano Convicto pra mim em 2003: - Blog é da hora, tipo um site, mas você administra, vai virar uma febre.
Apostei e tô nessa até hoje.
Um dia no atacadista, me ligou o Toni Nogueira (nossa reaproximação foi importante no meu crescimento), conhecia ele, porque lá atrás o Douglas Kim era sócio da DGT.
O Toni queria retomar a idéia que me levou (pelo Douglas) até a DGT. Fazer um documentário no trem da zona leste.
Chegamos até a filmar uma vez na clandestinidade, mas o roteiro tinha que ser "autorizado" porque o foco era o formigueiro da plataforma do Brás à tarde, na região do ultimo vagão, como as pessoas chegavam e ia cumprimentando um monte de gente, várias bancas, vários manos e minas, uns ficavam meia hora ou mais, aguardando amigos juntarem para ir junto embora, isso todo dia, na sexta com samba era foda, mas pra filmar isso, só autorizado, com a negativa da CPTM em liberar,o Toni desistiu, não sei (provavelmente) pelo meu envolvimento que a CPTM vetou, porque meu livro não é do tipo que a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos põe nas bibliotecas das estações (que existem hoje).
Eu ainda insisti pro Toni aceitar fazer na clandestinidade, mas ele tinha certeza que a cena do Brás que enchia o filme e lá teriamos que ter duas câmeras, uma do alto no pé da escada onde a rapa chega do metrô pra festa.
Mas a paralização do projeto não cortou meu vinculo com o Toni e a DGT.
Passamos a nos encontrar mais vezes, sempre levava o Zine Boletim do Kaos (em xerox), pra galera ler.
Na firma que trampava, na cantareira.......tava problema, uma ou duas vezes por semana no mínimo eu tinha que chegar mais tarde ou sair mais cedo, se multiplicava as entrevistas, palestras, oficinas que eu ministrava de zine, debates.
Minha carreira decolava, meu patrão, Sr Pedro, até que apoiou bastante, torcia por mim, no dia que recebeu o Jornal "O Estado de São Paulo" (em casa), com matéria de meia página minha, ficou orgulhoso, mas um dia ele falou: - Buzo, ta dificil pra mim, eu gosto da sua carreira cultural, mas outros vendedores tão querendo ter o mesmo que você, liberdade pra fazer horario.
Sabia que ele tinha razão e fiz uma proposta pra ele, manter meus clientes e vender da minha casa, tinha telefone, faz, internet. Ele topou e o ciume dos outros vendedores só aumentou, eu estava vendendo bem da minha casa.
Fiz isso por 6 mesês, mas nem em casa eu conseguia ficar, a cultura me chamava, tomava meu tempo, quando os clientes ligavam e eu não estava, eles ligavam na firma e os outros pegavam os meus pedidos. Pra eles, digasse de passagem.
Vi que era hora de parar de vez, quando sai, algumas pessoas me disseram: - Você é maluco, daqui 3 mesês vai estar batendo na porta pedindo o emprego de volta.
Estão até hoje esperando isso acontecer.
Sem o salário do atacadista, estava de fato só com a cultura e era pouco, dificil de pagar as contas, mas foi indo, ir nos compromissos, condução, alimentação, tudo era despesa e corria por minha conta, principalmente nos eventos que eram beneficiente ou nos saraus por exemplo, que ia pra ver amigos e mostrar meu trabalho, mas era por minha conta e num rolê com o Toni Nogueira, não lembro a onde fomos, eu propuz pra ele: - Toni, apertou pra mim, tem como a gente fazer um acordo, eu trampo a tarde na DGT e vc me paga uma ajuda de custo semanal e a condução ?
Eu seria pau pra toda obra, boy, assistente de produção nas filmagens, e o que mais pintar.
Entrei ganhando R$ 100,00 por semana e a condução. Mas porque sair de uma firma ganhando mil reais e ganhar isso numa produtora.
Explico.............com o acordo eu tinha duas vantagens, ir pro centro todo dia, como entrava 14h, chegava às 11h e ia antes na Galeria 24 de Maio, fazia contatos, ia em outros lugares, sebos como o 264, enfim, circulava, quem não é visto não é lembrado.
A outra vantagem era que não pagava a condução do bolso, na sexta pingava cem conto pra uma feira, um mercado, pagar alguma coisa, o complemento eu ganhava vendendo livro, poucas palestras remuneradas e outras loucuras.
E por fim mas não menos importante, na DGT, quando não tinha o que fazer, ficava tranquilamente na internet fazendo coisas particulares, respondendo e mandando email, mexendo em meus blogs. Vendo vários sites e blogs, ficava por dentro de tudo que rolava na cena hip hop e literária.
Isso, minha parceria com a DGT, apesar de pouco, era a chave pro meu progresso.
E em 3 anos de DGT, foi isso que aconteceu, entre outras coisas eu e a DGT chegamos a TV Cultura, com o nosso quadro "Buzão - Circular Periférico" que desde a estréia do Programa Manos e Minas (em maio de 2008), está no ar.
O outro grande projeto dessa parceria foi a realização do filme "Profissão MC" e no segundo semestre de 2010, além do "Buzão" seguir na TV, vamos (Buzo e Toni de novo), fazer um novo filme, nome ainda não tem, nem elenco, nem dinheiro, mas sabe como a gente é .........deve se chamar: O "Plano". E será filmado na zona leste de SP, com trem inclusive e parte em Cambury no litoral.
Enfim, as coisas passaram a dar mais certo do que errado, decolei e hoje não quero emprego fixo, das 8h às 18h, nem fudendo. Trabalhar pros outros nunca mais.
Entre 2005 à 2009 foi foda, um ano melhor que o outro, vieram outros livros, com lançamento em livraria na Paulista, com distribuição nas livrarias, veio viagens, ainda falo sobre elas, enfim, venho um monte de coisa que estruturou minha carreira.
Não, ainda não fiquei rico, nem essa é a minha meta, mas vivo, e bem obrigado, sem depender de patrão e fazendo o que eu gosto.
Como diria o Ferréz: - De sofrimento, já basta meu passado.



2010 é 10 !!!!
Alessandro Buzo, 10 anos de carreira
alessandrobuzo@terra.com.br

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